Outra crônica OCA

terça-feira, 22 de janeiro de 2008


A mesma cidade

Para quem nasce, cresce e continua na cidade em que nasceu tudo é normal, não há novidades, é difícil perceber algo diferente perante ao olhar que já se acostumou com aquela mesma rotina, seja ela monótona ou não, somente algo grandioso ou desastroso para desviar o olhar e, assim, encontrar novas formas pelo caminho que transcorro ao longo do meu “tour” pela cidade.
É desde aquele despertar cedo pela manhã para ir para o trabalho, o sair para ir comprar o pão e passar pelas ruas e ver, mas não observar as pessoas que estão indo para o trabalho de bicicleta, a casa em reforma, a criança brincando enquanto a mãe varre a calçada, o vizinho que você não conhece mais que acena com a cabeça em sinal de bom dia ou na vontade de conseguir conversar algo mais com você, aquele cachorro que late mas não morde, a rotina do trabalho em um ambiente fechado, mas que mesmo com contato com o público fico a ver navios dos acontecimentos da cidade, são alguns dos pontos que me percorrem durante a cidade enquanto eu e ela acordamos.
Petrolina é uma cidade que está em constante crescimento, seja econômico ou populacional, isso eu percebo pelas inúmeras construções em todos os cantos da cidade, em quase toda rua tem uma casa em construção ou em reforma, lojas e mais lojas são abertas pelo centro da cidade em busca de consumidores. Mas nada disso me surpreende ao caminhar pela cidade, as novas casas em construção são iguais as mesmas velhas casas que vejo desde pequeno, as lojas sempre com os mesmos produtos. A cidade não é nada além de pontos turísticos, arquitetônicos ou de referencias que se destacam em minha memória, é sempre a catedral da cidade, a orla, a ponte Presidente Dutra que liga Petrolina à Juazeiro, o River Shopping, empresas de destaque ou locais que servem como ponto de referência, como por exemplo, quando me perguntam onde moro falo que no bairro José e Maria, perto da praça, mas o problema é que todos moram perto da praça, falam sempre a mesma coisa, resumindo o bairro apenas a praça suja e barulhenta que o envolve.
Moro em Petrolina, mas penso que estou só de passagem, assim como a cidade era no século XIX, apenas uma travessia para a vizinha Juazeiro/Ba. Não posso dizer se aqui é ruim ou bom porque nunca sai da cidade e conheço pouco do mundo, não exagerando na abrangência, pois são poucas a cidades que já visitei pra dizer que é para lá que eu vou quando sair de Petrolina, mas nada mais me proporciona um olhar de admiração, espanto ou sensação de novo na cidade, tudo se tornou monótono, acho que já me acostumei com a cidade e se algo de novo passa por mim ou o contrário, não percebo mais, vejo apenas o que foi formulado e rotulado em minha cabeça sobre a cidade ao longo do tempo, onde na pressa dos meus passos não percebo a alma da cidade.


Leônidas Vidal

0 comentários: