Ó Lula indo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008




As viagens do carismático presidente oco da República Federativa do Brasil não de hoje geram comentários e já viraram até livro. Apenas como dado curioso, somente nos três anos iniciais de sua primeira administração, ele realizou simplesmente 85 viagens. Para quem acha um número pequeno em relação à quantidade de dias, foi o quase o dobro das idas e vindas de FHC no período entre 1994 e 1998. E ainda o satirizávamos chamando-o de “Viajando Henrique Cardoso”. Inteligentemente, os repórteres Eduardo Scolese, da Folha de São Paulo, e Leonencio Nossa, de O Estado de São Paulo, aproveitaram que tinham como função cobrir o Palácio do Planalto, acompanharam o digníssimo em suas excursões e traduziram a experiência no livro Viagens com o Presidente.

Mas não é para fazer propaganda do livro que me manifestei. Recentemente vi estampado nos principais jornais, ou como manchete dos noticiários televisivos, a presença do excelentíssimo na Antártida. Tal notícia deixou-me inicialmente intrigada. Não que o continente gelado não mereça a presença do presidente, até porque lá existe uma base brasileira. Intrigou-me o motivo de ele estar lá, com a figurante mais famosa do país ao lado, figurando como sempre e envolta em caríssimas roupas térmicas. Na verdade não foi o motivo, foi a falta de. Desses jornais aos quais tive acesso, nenhum conseguiu esclarecer o que realmente ele foi fazer lá. Encantou-se com a vastidão de gelo, falou algumas frases de efeito do tipo “já me considero antártico”, comeu salada de bacalhau crocante e medalhão ao alho guarnecido com legumes salteados no azeite e arroz com brócolis, prometeu (como bom político não poderia deixar de fazer) mais investimentos na Comandante Ferraz e depois de cerca de duas horas voltou temendo o mau tempo, sem se esquecer de pedir no passaporte o carimbo desenho do pingüim.

Enquanto isso o Brasil fervia em denúncias de corrupção, na possível CPI do cartão corporativo, nas discussões do projeto de transposição, em violência, insegurança, gastos excessivos no Congresso... e lá vai o Lula de novo.


Inês Guimarães

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